Depois daquele beijo – parte final

No aguardado último capítulo da nossa novelinha baseada do Um Século em Nova York —Espetáculos em Times Square, chegamos a 2002. Marshall Berman já tem seus 60 anos, chegou, portanto, àquela idade em que pode ver a beleza da paisagem dos anos 40 de Um Dia em Nova York. Mas, se a cidade superou a degradação e a violência da década de 70 de Taxi Driver, há algo de triste no novo século. No seriado Sex and the City, Berman encontra um final perfeito para a sua história.

Em Anchors Away, primeiro episódio da quinta temporada, Carrie (Sarah Jessica Parker) já está longe das “enfermeiras” de meados do século passado: o sexo livre já é, para ela e para a sua geração, uma realidade. Louis, o marinheiro da vez, contudo, é como seus predecessores apenas na aparência. Nova York, para ele, é apenas sujeira e barulho: ela não integra mais, desse modo, todo aquele imaginário de liberdade, democracia e felicidade. Nem tampouco amor: este está em outro lugar. De certo modo, Carrie e Louis mostram exemplarmente, nesse episódio, como tudo, para o bem e para o mal, mudou.

E essa história, que começou com um beijo em Times Square, termina, no mesmo lugar, sem nenhum.

No fim da noite, as multidões dos teatros e dos restaurantes emagreceram. Agora os anúncios eletrônicos, saturados de explosões de cores quentes, avultam maiores que nunca. Quando a camera foca o grande anúncio vermelho VIRGIN, ele assume a grandiosidade solitária de uma ideia platônica. Quando Carrie passa embaixo do anúncio, ela lança o seu casaco aberto para a noite. Como as heroínas de Jean-Luc Godard na década de 1960, ela abraça um anúncio de neon como um símbolo do que ela secretamente, sem esperança, deseja.”

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