Nós, as focas e os gibões

foca

A Grande História da Evolução, de Richard Dawkins (Companhia das Letras, 792 págs., R$ 59) é realmente um livro fascinante. A quantidade de páginas – sobretudo as que eu ainda tenho de vencer – me impedem, por ora, de fazer uma avaliação mais geral da obra desse autor, cuja mesa na Flip, que começa daqui uns dias, deverá lotar. Mas não resisto a compartilhar algumas das milhares de informações do livro. Entre as mais curiosas estão, naturalmente, as referentes à evolução sexual. No capítulo Laurasiatérios (bom, hein?), lê-se que:

1) Alguns dos exemplos mais extremos de poliginia (uma minoria de machos “tem acesso” a uma maioria de fêmeas) são encontrados entre as focas, que se reproduzem todas juntas, na praia. Segundo um estudo citado, “4% dos machos eram responsáveis por 88% das cópulas vistas”. A ver navios, os 96% dos machos restantes ficam um tanto agressivos

2) Há uma relação direta entre dimorfismo sexual (machos fisicamente bem maiores que fêmeas) e poliginia. A ideia é a seguinte: para disputar e ganhar várias fêmeas, é preciso ser grande. Um exemplo são os gorilas, políginos ,cujos machos podem ter o dobro do tamanho das fêmeas. No outro extremo estão os gibões, em que fêmeas e machos (fiéis e monógamos) têm o mesmo tamanho. O homem está no meio. Mais para gibão.

3) Entretanto, em um estudo de 1967 mapeando as práticas de “846” sociedades humanas, coligidas em um levantamento mundial, sugere-se algo interessante. Nesse universo, 16% era monógama, 1% poliândrica (uma mulher casada com vários homens) e 83% polígina. Dawkins questiona, com razão, os critérios para diferenciar uma sociedade de outras e chegar nesse número mágico, mas os resultados não podem ser desprezados.

4) Como existe na espécie humana um equilíbrio entre o número de homens e mulheres, e dado que a maioria das sociedades é polígina, uma minoria de homens no mundo fica com as mulheres. O resto vê navios. Como aqueles focas machos. Agressivos.

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