Última palavras

morte

Sem querer ser demasiadamente sinistro, um livro curioso, lançado pela editora Landmark, é “Talvez Eu Não Tenha Vivido em Vão…”, cujo subtítulo já fornece uma explicação completa sobre o motivo desse já extenso enunciado: As Últimas Palavras de Grandes Líderes, Cientistas, Artistas e Pensadores de Nossa História (240 págs., R$ 34).

A ideia de lançar a compilação é ótima, e o livro mantém o interesse a despeito de alguns problemas. Um deles é de edição, porque não diferencia as últimas palavras de quem 1) sabia que estava morrendo ou ia morrer; 2) não sabia que estava morrendo ou ia morrer; 3) disse, inadvertidamente, algo que lhe provocou a morte. São situações obviamente diferentes, mas o leitor precisa ler cada um dos textos para descobri-las. A saída seria organizá-los de maneira a identificar de cara essas diferenças, e não em ordem cronológica, escolhida para a publicação. O outro problema é a revisão, que deixou passar erros inconcebíveis no atual estágio do mercado editorial brasileiro.

A favor do livro – e não é pouco – está a preocupação em buscar as fontes mais confiáveis na reprodução dessas palavras. As dez que reproduzo a seguir pertencem, todas, ao grupo 1 — as que considero mais interessantes, porque são as que revelam o que eram essas pessoas confrontadas com essa hora, demasiadamente sinistra.

“Estou diante de um terrível salto nas trevas” (Thomas Hobbes)

“Estou em chamas” (David Hume)

“O gosto da morte está sobre os meus lábios… sinto o gosto de algo que não é deste mundo” (Mozart)

“Eu já não te vejo” (Almeida Garret)

“Finalmente, eles irão tocar minha música” (Hector Berlioz)

“Vamos, fora! Últimas palavras são para aqueles tolos que não falaram o bastante!” (Karl Marx)

“Esta é uma batalha entre a luz e as trevas… eu vejo uma luz negra” (Victor Hugo)

“Mas os camponeses… como morrem os camponeses?” (Leon Tolstoi)

“Quando a música acabar, apaguem as luzes” (Adolf Hitler)

“Harmonia” (Arnold Schoenberg)

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