O projeto é do pintor e ilustrador espanhol Fernando Vicente para a Nórdica Libros.
[Via Book Patrol]
O projeto é do pintor e ilustrador espanhol Fernando Vicente para a Nórdica Libros.
[Via Book Patrol]
Impresso na Alemanha no século 16, este livro devocional pertencente à Biblioteca Nacional da Suécia é uma engenhoca notável: com fechos independentes, ele reúne seis textos que podem ser lidos de maneira independente – basta saber onde abrir. Parece coisa de Guilherme de Baskerville.
[Via Colossal]
Em um dos ensaios de Medo, Reverência e Terror (Companhia das Letras, 200 págs., R$ 39,50), Carlo Ginzburg analisa o sucesso publicitário dos cartazes patrióticos do seu-país-precisa-de-você. Embora o do Tio Sam seja o mais conhecido entre nós, essa é uma história que começa na Inglaterra. O primeiro a apontar o dedo em perspectiva (boa sacada) foi o secretário da Guerra, Lorde Kitchener, conclamando os súditos da rainha a se alistarem nas fileiras da Primeira Guerra Mundial. O sucesso foi tal que a ideia acabou replicada várias vezes, por diferentes países e ideologias: a Rússia comunista (o dedo ali é de Trotsky), os Estados Unidos, a Alemanha e a Itália, todos naqueles mesmos anos turbulentos.
Dois velhos conhecidos deste blog se conversam — e talvez se entendam. Acima, Elizabeth Taylor (sempre espetacular) e Richard Burton no comecinho de Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (1966), filme de Mike Nichols adaptado da peça de Edward Albee; abaixo, o judeu sefardita-búlgaro-inglês-suíço Elias Canetti em Karl Kraus, Escola de Resistência, texto que está no volume de ensaios A Consciência das Palavras (Companhia de Bolso, 328 págs., R$ 25).
Graças a Karl Kraus comecei a compreender que cada indivíduo tem uma configuração linguística própria, que o distingue de todos os demais. Compreendi que embora os homens falem uns com os outros, não se entendem; que suas palavras são golpes que ricocheteiam nas palavras dos outros; que não existe ilusão maior do que a opinião de que a língua é um meio de comunicação entre humanos. Fala-se com a outra pessoa, mas de uma maneira que ela não entende. Continua-se a falar, e ela entende ainda menos. Um grita, o outro grita também: a exclamação, que tem uma vida miserável na gramática, apodera-se da língua. Como bolas, as exclamações saltam para lá e para cá, chocam-se e caem no chão. Raramente algo do que se diz consegue-se infiltrar no outro; e, quando isso afinal acontece, é entendido às avessas.”
(Publicado em 18/11/2011)
Anos atrás, publiquei um texto sobre a obra de Dino Buzzati em que citava, logo no começo, as pinturas e desenhos da lavra do escritor. E acabou que — com a criação deste blog depois — fiquei devendo mais imagens além das que ilustravam a matéria na época e não aparecem hoje no site. Saldo a dívida na galeria acima, que inclui imagens que ilustraram capas de livros de Buzzati, outras do infanto-juvenil A Famosa Invasão dos Ursos na Sicília (Berlendis & Vertecch, 160 págs., R$ 51) e do Poema em Quadrinhos (Cosac Naify, 224 págs., R$ 44), lançado por aqui no passado. Mas há também desenhos pop e quadros difíceis de achar por aí.
Como sempre, clique em”FS” para ver em tela cheia e em “I” para ler a legenda, quando houver.
(Publicado em 16/11/2011)
Jornada nas Estrelas com Senhor dos Anéis dá numa mistureba nerd que pode ser fatal. Diante desse clipe (que desconhecia, não sei como), as palavras me faltam. A música, The Ballad of Bilbo Baggins, pertence a Two Sides of Leonard Nimoy, um álbum de 1968. Já era o segundo. Tem outro.
Bom fim de semana.
(Publicado em 11/11/2011)
Ji Lee nasceu na Coreia do Sul, cresceu no Brasil e atualmente vive em Palo Alto, na Califórnia, onde é diretor criativo do Facebook. O vídeo acima é o trailer do seu novo livro, Word as Image (Perigee Trade, 208 págs., US$ 14), em que ele traduz cerca de 100 palavras em imagens, usando apenas as letras que as formam. Tem alguma nova sugestão? Poste aqui.
(Publicado em 20/10/2011)
Mais dez expressões da crítica literária decodificadas, via blog One-Minute Book Reviews. As primeiras estão um post abaixo.
Histórico: Romance 1) americano = poeira, pradarias & roupas sem graça; 2) italiano = veneno & conspirações; 3) inglês = sexo, roupas bonitas & decapitações. @JVNLA Jennifer Weltz, agente literário da Jean V. Naggar
Um livro para todas as idades: Não precisa ler agora @MarkKohut Mark Kohut, escritor
Agarra você pela garganta e não larga: Isso vai doer @hangingnoodles Jag Bhalla, escritor
Um chamado para a América despertar: Uma crítica mal-humorado de um membro da administração anterior @garykrist Gary Krist, jornalista e escritora
Deslumbrante: Esperamos que você ache a prosa tão linda que não se dê conta que nada de fato acontece @ autsentwit Miss Bennet, editor
Dedicada Base de fãs: Mãe e esposa @mat_johnson Mat Johnson, escritor
Desafia brilhantemente qualquer categorização: O próprio o autor não tem ideia do ele se tornou @james_meader James Meader, diretor de publicidade da Picador
Prosa lapidada: “Não entendi metade das palavras @jenniferweiner Jennifer Weiner, escritora e produtora de TV
Memórias: Não-ficção até prova em contrário @BookFlack Larry Hughes, diretor associado de publicidade da Simon & Schuster
Nomeado para a Pulitzer: A editora pagou a taxa de US$ 50 @mat_johnson Mat Johnson, escritor
(Publicado em 19/10/2011)
Semanas atrás, o blog One-Minute Book Reviews convidou escritores, editores e críticos a decifrar, pelo Twitter, os clichês e sofismas que pipocam nos textos sobre livros. Eu poderia dizer que o resultado é desigual (o que significa, de fato, “você pode pular ou passar rápido por certas partes”), mas justamente neste post não dá para usar certas palavras impunemente.
Abaixo, uma pequena seleção dessas mensagens decodificadas. Para ver tudo, em inglês, clique aqui e aqui. Ou aguardem, que volto a publicar mais alguns em breve.
Novela: conto com letra grande @BookFlack Larry Hughes, diretor de publicidade da Simon & Schuster
Épico: longo demais @sheilaoflanagan Sheila O’Flanagan, escritora
Lírico: não acontece muita coisa @BloomsburyPress Peter Ginna, editor da Bloomsbury Press
Aclamado: vendeu pouco @BloomsburyPress Peter Ginna, editor da Bloomsbury Press
Emotivo: o personagem principal é um cachorro, um homem velho ou os dois @kathapollitt Katha Pollitt, poeta e colunista do The Nation
Capta o tempo em que vivemos: capta o tempo em que vivíamos dois anos atrás @mathitak Mark Athitakis, critic
Muito aguardado: atrasado @janiceharayda Janice Harayda, escritora e editora do One-Minute Book Reviews
O próximo Elmore Leonard: livro com bandidos em Detroit ou Flórida @bryonq Bryon Quertermous, escritor
Estreia promissora: muitos erros, mas nada ruim demais @mathitak Mark Athitakis, critico
Visionário: ainda não provou estar errado @IsabelAnders Isabel Anders, escritora
Voz de uma geração: datado @MarkKohut Mark Kohut, escritor
(Publicado em 13/10/2011)
Tem uma onda na internet de gente fazendo retratinhos de celebridades pop com materiais pouco ortodoxos. Um faz com queijo, outro com vinho — sem sacanagem, são coisas separadas, não cardápio prum dia de frio entre amigos. Apesar de algo engenhoso, têm um certo gosto (estético, friso) duvidoso, mas está aí o Vik Muniz com sua geleias e chocolates para provar que dá surfar nessa quase nova era sem tintas. Entre os escultores, tem uns excêntricos que picotam várias listas telefônicas para montar verdadeiros totens; outros michelangelos acham a cara da personalidade nas páginas de um livro.
Entre os que me parecem mais simpáticos está a série acima, feita pelo designer Alejandro de Antonio para o projeto Materiais Não-Convencionais da espanhola Art Room.
(Publicado em 5/10/2011)